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sexta-feira, 8 de julho de 2011

Mobilidades e SMS

Tá, sei que prometi maior frequência...
Fiz exatamente o oposto (Dica para o leitor: não confie nas pessoas!).
Ultimo ano de faculdade nem sempre permite esse tipo de coisas.
Então como resolver isso?
Simples! Espere sua operadora de celular te enviar um SMS às 03:30 da manhã!
Você não consegue mais dormir, liga o computador e resolve publicar um conto para os que ainda se lembram do seu humilde e esquizofrênico blog.
Sem mais distrações, meus pequenos.
Senta que lá vem história!


O barato sai carro.



Existe um dilema na vida de todo homem que mora em uma cidade grande:
Comprar um carro/Sofrer com o trânsito.

No meu caso, Haroldo Lazertag, pós completar meus 18 anos, a segunda parte deste dilema ainda me falava mais alto.
Então, quando completei 18 anos e 48 minutos, tendo em vista que os primeiros 20 foram atendendo ligações de tias e parentes distantes(aquelas ligações que é preciso ser simpático mesmo sem saber quem é a pessoa que está ligando), mudei minha opinião.
Decidi que compraria um carro!

Aquela velha coisa do "se andar, já está bom" funcionava perfeitamente pra mim, foi então que decidi fazer economia do meu esguio salário, então de orgulhoso funcionário de uma grande rede de fast food.
Sim, eu era um daqueles jovens que fazem cara de "odeio meu emprego" nos cartazes de "Destaque Do Mês".
Após fazer economia, odiar clientes, mudar para um estágio em uma agência de viagens e economizar mais um pouco eu possuía posses suficientes para possuir um possante!

Quando o assunto é primeiro carro, qualquer carro que se tem é se transforma instantaneamente na mais alta tecnologia em design automotivo, o sistema interno de maior segurança e resposta mais rápida do mercado, o maior espaço interno e conforto e a mais potente tecnologia em motores alemães...
Seu carro só parece um Fiat 147. Ele, na verdade, é uma maquina de alto desempenho!(pelo menos para o dono)
Eu não juntei dinheiro por 3 anos para comprar um 147, foi só um exemplo, eu comprei um dos chamados "modelos populares".

Desfrutei o carro incrivelmente no começo e logo após coisa de 6 meses só alguns problemas bimestrais que o faziam querer visitar meu mecânico de confiança.
Essa que é uma expressão engraçada, mecânico de confiança, já que mesmo confiando neles, alguns não praticam a recíproca e fazem concertos de curto prazo em nosso carro. Não são confiantes, são carentes e querem nos ver logo. Mas meu desagrado é por outro profissional, um que lidei em minha ultima experiência de retificação automotiva, uma classe mais nobre, os funileiros.

Eis o motivo.
Certa vez, dirigia meu automóvel com sua bela tonalidade Verde Triunfo Metálico pela rua quando, sem nenhum aviso prévio, um carro que veio com uma alta velocidade atingiu minha traseira.
Parei e desci do carro para ver o que havia acontecido e pegar as informações do outro motorista, que foi completamente solícito e foi embora imediatamente me deixando com um parachoque caído e tão deformado quanto a dignidade de um vendedor de Tekpix.
Como não estava muito longe de casa resolvi levar o carro no funileiro que eu havia visto no começo da rua.

- Boa tarde.

- Opa, chefe. Pode falar.

- Então, acabaram de bater no meu carro, descendo a rua um pouco.

- Sei.

- Então, poderia me fazer um orçamento de quanto sai para trocar o parachoque?

- Qual parachoque?

- O traseiro, sabe, aquele que está faltando no carro?

- Aaaah, certo, certo. Bom... Parachoque original de fábrica 150 reais, mais 50 da pintura pra ficar igual a do seu carro e qualquer outro custo adicional.

- Só isso? Original?

- Sim.

- Não tem algo de errado com ele, não? Por que... Bom... Por esse preço...

- Perfeito, perfeito. Coisa original de fábrica, como te falei!

- Tem recibo?

- Então, recibo não vai ter... Mas tem o parachoque!

- Mas como sei que o parachoque vai ser original de verdade, que vai ser um produto de qualidade?

- Pode confiar patrão, se quiser, pode ir junto na hora de arrancar!

- Arrancar? Como assim?

- Ué, o parachoque é original, porque vem de um carro original.

- Então é produto roubo?

- Prefiro chamar de "remoção não-comunicada", mas se o senhor quiser colocar nesses termos... Falei que era original, não que era legalizado.

- Então isso também é um desmanche?

- Ô doutor, que é isso! Aqui é uma funilaria de família! Não trabalho com peças de desmanche, aqui é uma Funilaria On Demand. Busco a peça específica que o cliente quer.

- Ah, sim. Muito mais nobre...

- O senhor vai ver, vem comigo.

Foi então que pegamos o carro do funileiro para ir "buscar" meu parachoque, ele disse que tinha uma idéia de lugar para essa retirada.
No caminho fiquei sabendo que ele era conhecido como Peixeira, o que torna tudo muito mais aconchegante, não?
Em uma cidade grande, se é sujeito a ter o carro roubado em qualquer lugar...
Mas eu nunca imaginaria que isso acontecia antes mesmo de se possuir o carro, em um pátio de montadora.
Mas foi para lá que fomos, o pátio da montadora do meu carro, em dia de feirão.
Tarefa difícil? Aparentemente sim, porém Peixeira simplesmente andou comigo até os fundos do pátio, onde não havia pessoas, só carros.
Então, vimos um modelo igual ao meu, inclusive na cor.
Peixeira disse:

- Bom, chefe. Nem vai precisar da taxa de pintura.

- Tá certo, né. Já que viemos até aqui...

Ele abriu sua caixa de ferramentas, pegou uma chave de fenda tão pequena que a primeira vista eu acharia que servia para concertar relógios, simplesmente fez um clique em três cantos
do parachoque, que se soltou com mais facilidade que uma caloura de universidade em dia de festa. Realmente se tratava de um especialista.
Mesmo assim, sem querer desafiar a inteligência ou rebaixar a classe dos funileiros, Peixeira não foi exatamente o cara mais esperto de todos.
Digo isso por um simples motivo: Ele planejou toda essa "remoção não-comunicada" mas esqueceu de pensar que os guardas da fábrica poderiam achar um pouco estranho dois homens saindo de um feirão levando uma caixa de ferramentas e um parachoque nos braços...
Existem certos momentos em que a prisão acaba sendo algo já esperado...
Pelo menos pra mim, já que um dos "custos adicionais" do serviço do Peixeira era pagar sua fiança ou ficar sabendo o motivo de seu apelido... Coitado, ele se esqueceu de avisar antes de ir buscar o parachoque.

Hoje estou aqui, diante desta bela organização criminosa com uma lição de vida:
Planos de fuga podem ser mais importantes que alguns objetivos!

E por isso estou oferecendo para os senhores um incrível pacote de planos bem-elaborados com um super desconto!





E assim foi, meus queridos.
Vamos ver se daqui pra frente minha sorte e insônia involuntária me permitem voltar mais vezes, ou pelo menos com menores intervalos de tempo, como era de costume antes.
Nenhum anúncio mais importante para fazer, então me retiro rapidamente antes que os tomates me atinjam...
Sou Robinho Bravo.
Até o próximo e emocionante episódio!




Bem Desocupado Soundtracks: Now Playing - Declaration - Street Dogs.