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segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Viajar é preciso.


Olá meus queridos!
Como vão passando de férias? Caso estejam, obvio. 
Pois bem, na televisão sempre vemos os famosos "especiais de férias" com alguma história de viagens ou algo que se faça nas férias.
Isso e Dr. Doolittle! Férias sem exibição desse filme não são férias.
Vou seguir essa tendência, teremos agora um Conto Desocupado com um cara muito louco vivendo altas confusões.
Senta que lá vem história!





COMO ERA VERDE MEU OURO


"São Paulo, 26 de janeiro de 2005.

 

Se você chegar a ler esta carta, parabéns! Mas saiba que não estou mais aqui...

Augusto, 23 anos, nenhum apelido e me autodefino como um mochileiro frustrado.

- Frustrado porquê? - Você me pergunta.

Respondo: pelo fato de nunca ter viajado!!

Isso deixa a gente um pouco em cheque em relação ao nosso ideal, me sinto como aquele Cowboy do cigarro, mas sem o cigarro...

Pensando bem... Na verdade isso até seria bom, pois ele não teria fumado excessivamente e consequentemente não pegaria câncer resultando em sua morte...

Mas enfim, acho que você entendeu onde quero chegar. Sem o cigarro ele não seria o Cowboy DO CIGARRO. (DO CIGARRO, sacou?)

Enfim, sou como um cara que adora computadores e está morando em uma caverna. (Eu posso me mudar para uma cidade e ter energia elétrica... Mas agora... Estou numa caverna...)

Tá, sou um mochileiro que nunca viajou, pronto! É isso!

Pelo menos eu era isso até duas semanas atrás.

Meus queridos 4 anos de faculdade foram trabalhando em um honrado porém mal-pago emprego de auxiliar de escritório e sem a faculdade, assim faria economias de mensalidade para realizar minha sonhada viagem além mar.

Finalmente, em minhas primeiras férias, com minhas economias "sulfuricamente" evaporando de uma só vez, eu deixaria o conforto da minha espaçosa quitinete e viajaria para ver o mundo!

E veio o primeiro desafio: Para onde ir?

Ó dúvida mortal!

Tantos destinos e somente uma passagem possível a ser comprada. (Duas se você contar a de volta.)

Fiz como minhas referências, o que qualquer aventureiro errante de hollyowood faria:

Peguei um globo, com uma força tal qual Hércules o girei para gerar mais possibilidades, tapei meus olhos com uma mão e com a outra apontei um destino.

Éire!! Irlanda! Terra dos verdes e fermentados!

Muitas aventuras me esperariam nessa viagem ao meu desconhecido...

Como um piscar de olhos, minha segunda provação, que agora admito que deveria ter encarado como um sinal:

A alfândega.

Não sei porque, mas aquele detector de metais sentiu uma inexplicável e súbita atração por mim...

Aparentemente pela minha roupa íntima, já que me revistaram em lugares até então nunca expostos para outro ser humano se não minha amada mãe...

Seguidos de um reconfortante "Senhor, pedimos mil desculpas. O nosso detector parece estar com defeito. Pode continuar sua viagem.".

Mas não é de experiências sexuais que estamos falando...

Consegui embarcar no avião e oficialmente dei início a minha viagem! Planejando que tivesse a modesta duração de três semanas.

Após 4 saquinhos de amendoim, 5 copos de suco, 3 idas ao banheiro, 2 refeições em caixinhas e 4 filmes com destaque para o filme mais novo deles, que tinha provavelmente o primeiro papel de Clint Eastwood em qualquer filme.

Finalmente aterrissamos em Dublin.

Peguei minha mochila e então fiz a primeira coisa que qualquer visitante faz na Irlanda: Fui ao primeiro Pub que encontrei!

Rapidamente seguindo para um cartaz de "scene missing" em minha mente.

Vou classificar esse como meu terceiro momento decisivo, mesmo sem ter muita certeza do que se passou.

Minha próxima memória seria 4 dias depois, logo que minha cabeça parou de doer e eu pude retirar a garrafinha de soro da minha veia.

Sai do hospital já expert em Dublin, mas querendo conhecer a verdadeira Irlanda, fora das vistas de turistas.

Me dirigi a região de Galway, que seria o extremo oposto da cidade onde eu me encontrava.

Como bom aventureiro fui com um mapa e minhas pernas... Claro que caronas são bem vindas.

Uma de minhas caronas acabara de chegar em seu destino e eu me encontrava em Uíbh Fhailí, região central da Irlanda.

Um pequeno lapso de memória fez com que ao descer do carro eu esquecesse de pegar minha mochila e ao mesmo tempo fez com que o meu motorista esquecesse de me entregá-la, mesmo ela estando no banco de trás, em seu ângulo de visão.

Segui a pé por uma estrada de pedras, com vastos tapetes verdes a perder de vista...

Sem perceber rapidamente me encontrei adentrando uma floresta. E ao tentar sair dela ouvi movimentos em um arbusto próximo que me lembrava vagamente a forma de uma lira da Guinness, possivelmente por saudade de Dublin.

Claro que a coragem de um aventureiro as vezes se torna limitada, decidi ignorar o arbusto e quem sabe perder mais alguns dias de consciência.

Eis que durante a última vista que fiz para o amontoado de folhas vi algo que fez apitar meu ceticismo, que geralmente reservo para procurar vestígios de minhocas em hamburgueres de fastfood.

Seria um Leprechaun?!

Impossível!

Mas quem sou eu para duvidar de um lugar no qual nunca estive antes?

Após um curto período de 2 segundos em que minhas vistas se escureceram, recuperei meu fôlego e conseguindo enxergar novamente resolvi tentar capturar o pequenino...

Muito por aquela história do pote de ouro, sabe?

Pois sim, o serelepe corria razoavelmente rápido para seu tamanho e para minha total inaptidão para qualquer coisa atlética, inclusive corridas.

Mas enfim, depois de muitas investidas e insultos à mamãe Leprechaun consegui a criaturinha em minhas mãos.

Após pedir desculpas a senhora que não tinha nada a ver com essa história e qual deve ser uma criatura mítica de respeito eu exigi que o pequeno me levasse até o famoso pote, prometi que após isso seria liberado.

Demoramos muito em nossa caminhada, diria eu que foram 3 dias. O espertinho tentou fugir algumas vezes, mas estava preso em cordas que encontrei pelo caminho, pois sabia da fama que esses seres tem de tentar escapar ao serem capturados.

Finalmente chegamos ao destino. Uma clareira com um imenso pote de ouro que faria uma avestruz parecer um canário ao seu lado.

- Ele existe!- Se Santa Claus fosse real acho que não diria essa frase com tanta euforia como disse na ocasião.

Dispensei o Leprechaum imediatamente.

Minha felicidade era tal a de uma criança ganhando um robô de brinquedo que atira de verdade.

Após meus momentos de incrível felicidade, me deparei com a definitiva questão da minha aventura:

Como levar um pote de ouro tão grande assim embora sendo que não aguentaria nem com o filho recém nascido de sua prole?

Peguei um papel e caneta em meus bolsos e comecei a escrever.

...

Em resumo: Todos temos histórias de viagens. Por mais reais que tenham sido, nem sempre temos provas.

Mesmo que essas provas pudessem nos deixar ricos até o final da vida.

Por isso, se você ler esta carta... Você conseguiu chegar ao pote! Acho que não preciso nem te falar!

Mas espero que tenha vindo de caminhão..."


E é isso aí pessoal. 
Espero que tenham curtido o conto, comentem e sejam felizes!
Até o próximo e emocionante episódio!




Bem Desocupado Soundtracks:  Now Playing - Barroom Hero - Dropkick Murphys